terça-feira, janeiro 31, 2012

Era Uma Vez...

Era uma vez, pois todas as histórias começam com um “era uma vez”, pode ser que essa não seja verdadeira, mas ao ler você pode achar que essa história é real e talvez seja.
Tinha então nesses sertões idos, num desses sertões que você enxerga pela janela do ônibus ou do seu carro ultramoderno e com ar condicionado. Existia uma senhora que morava só, uma senhora dessas pequeninas, mas que nesses sertões era por todos respeitada e engana-se quem acha que em toda a sua pequenez e fragilidade que ela era frágil, era dessas senhoras que podiam carregar o mundo nas costas e muitas delas já carregaram. Pois, ela morava numa casinha de pau-a-pique, pequena, luz de candeeiro, água de pote gelada com a engenhosidade do homem do sertão.
Essa senhora sobrevivia da sua aposentadoria de mulher do campo, e da venda de ovos, galinhas, frutos e legumes da sua pequena horta. Vivia bem, quer dizer, bem como ela queria, tinha comida, vizinhos, seu cachorrinho com nome de peixe como diria o velho Lula. A sua casa ficava próxima a uma região de alguns povoados com muitos moradores que diziam os que entendem de política, que quem ganhar nessa região ganhará as eleições, era então de uma região que valia ouro para os politiqueiros. Política, coisa que essa senhora não se importava.
Havia então comícios, coisa que ela odiava, pois era muito barulhento com aqueles foguetões que assustava o seu cachorro, e o maior problema, a cada comício sumiam galinhas do seu terreiro.
Passava então homens sendo carregados nos braços por dois ou três homens com a foto do próprio e alguns dizeres e letras juntas que pra ela nada significavam, esses homens carregados riam como se tivessem visto Jesus dizer que eles eram um orgulho, esses homens beijavam crianças, apertava mão de todos e faziam promessas de que o mundo vai melhorar.
Um desses chegou à porta da senhora prometendo o céu se fosse possível, e que isso aconteceria caso ela votasse nele e colocasse na frente de sua casa uma foto dele, ela os escurraçava, num queria saber de política, pois era por causa dela que suas galinhas sumiam.
E assim seguia a vida, comícios, homens prometendo, elas os expulsando e suas galinhas continuavam sumindo.
Até que um dia ela começou a puxar conversa com os correligionários desses políticos, perguntar como era essa tal de política, eles falavam que é uma coisa magnífica e que o seu candidato iria resolver os problemas de todos.
Ela pareceu encantada e começou a pedir fotos dos candidatos, o que para os correligionários era uma vitória, pois até antes ela expulsava todas as abordagens. O que alguns estranhavam é que ela pegava fotos de todos, tanto do lado A como do lado B, surgiam algumas desconfianças, mas o que era unânime é que ela estava pensando em qual votar.
E assim seguia a vida, ela na porta vendo comícios passando, pessoas que ela nunca tinha visto tratando-a como se a conhecessem antes mesmo que a sua finada e amada mãe, suas galinhas sumindo a cada comício, e ela pegando fotos de candidatos, banners, santinhos, broches e toldos de vinil.
Até que um dia as perguntas foram respondidas e o roubo das suas galinhas solucionado:
Ela pegava os banners, santinhos, broches e toldos de vinil e com eles construiu um galinheiro. E a partir daí nunca mais suas galinhas foram roubadas.
Ou seja, essa senhora mostrou a todos que os políticos sempre cercarão ou serão cercados por galinhas.

Um comentário:

viviane disse...

rsrsrs... adorei,uma historia bem diferente te todas que já li...^^