segunda-feira, fevereiro 10, 2014

Mais com M

Se fosse só pelos seus olhos eu continuaria distante
A mirá-los e sonhar-los...
Mas tem seu resto
E eu me rendo
Ele começa com seus pés sua pele e seus ossos...
Que sobem nas suas pernas que me dilaceram em uma escalada interminável.
Daí vem suas coxas
As quais nem um pêssego tem tal pele
E tem seus pelos...
Passando pelo seu íntimo
E pelo seu gosto.
Sobe pela barriga e derruba meus sentidos e aí não seria mais eu...
Já não teria fôlego.
E seus seios que escondem o coração mas me fazem salivar.
Seu pescoço que ostenta o que de mais Belo tem no mundo.
Uma obra prima sem nome. Mas com gosto, eu eu gosto do que vejo
Seus olhos me olham.
Seus cabelos me amarram
E eu apago luz e lhe beijo.

segunda-feira, janeiro 06, 2014

Pois o tempo passa

E agora o nada
Onde antes havia uma casa
Pois o tempo passa.
Ele cedinho indo retirar o leite das vacas
Pegava a gamela com o milho e ia moer para fazer o cuscuz
Na volta jogava o farelo às galinhas
E ia aos ninhos buscar os ovos
Olha para o cavalinho malhado
E sorria ao olhar o roçado
Os meninos já acordavam
E iam subir na jaqueira, catar laranjas 
E brincar com o cachorrinho magro que deram o nome de Baleia ou xira ou xerém
Bem não sei.
E corriam para ela
A mãe
Pequena, vestido de xita, lenço nos cabelos e pele avermelhada do sol
Ele chegava até ela e reclamava de qualquer coisa, como se fosse pra marcar território
E ela fingia que obedecia
Mas na verdade era ela quem mandava
Daí os meninos cobriam os olhos e ele dava um cheiro nela.
Ele catava alguns gravetos e assim acendia o fogo a lenha
Todos comiam
Mas antes rezavam
Para que aquilo não acabasse
Pois o tempo passa.
E assim seguiam sua vida dormindo cedo
Acordando cedo
E vivendo cada dia seu esmo.
O milho de novo de molho
As vaquinhas apartadas
O cachorro amarrado
E as orações rezadas...
Pois o tempo até pra isso passa...