segunda-feira, janeiro 06, 2014

Pois o tempo passa

E agora o nada
Onde antes havia uma casa
Pois o tempo passa.
Ele cedinho indo retirar o leite das vacas
Pegava a gamela com o milho e ia moer para fazer o cuscuz
Na volta jogava o farelo às galinhas
E ia aos ninhos buscar os ovos
Olha para o cavalinho malhado
E sorria ao olhar o roçado
Os meninos já acordavam
E iam subir na jaqueira, catar laranjas 
E brincar com o cachorrinho magro que deram o nome de Baleia ou xira ou xerém
Bem não sei.
E corriam para ela
A mãe
Pequena, vestido de xita, lenço nos cabelos e pele avermelhada do sol
Ele chegava até ela e reclamava de qualquer coisa, como se fosse pra marcar território
E ela fingia que obedecia
Mas na verdade era ela quem mandava
Daí os meninos cobriam os olhos e ele dava um cheiro nela.
Ele catava alguns gravetos e assim acendia o fogo a lenha
Todos comiam
Mas antes rezavam
Para que aquilo não acabasse
Pois o tempo passa.
E assim seguiam sua vida dormindo cedo
Acordando cedo
E vivendo cada dia seu esmo.
O milho de novo de molho
As vaquinhas apartadas
O cachorro amarrado
E as orações rezadas...
Pois o tempo até pra isso passa...